sábado, 31 de maio de 2008

Cera ou cerume de ouvido


A cera é produzida pelas células do meato acústico externo, e tem função de proteção do ouvido. Ao contrário do que muitos pensam, essa produção é totalmente normal, e não é sinal de falta de limpeza. Pelo contrário, não se deve usar o cotonete ou qualquer outro objeto para introduzir no ouvido, seja para "limpar" ou coçar o ouvido.
Algumas pessoas têm uma hipersecreção de cerume, outras têm o conduto auditivo externo muito estreito, facilitando o acúmulo dessa substância, resultando na "rolha de cera". Quando isso ocorre, o otorrinolaringologista é o único profissional capacitado para removê-la, com um estilete ou com a seringa de água.
O acúmulo de cera pode levar à redução de audição e até a zumbido, que são corrigidos com o procedimento do otorrino.
Acima está um esquema representando o ouvido, com seus componentes externo, médio e interno.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Como ocorre o equilíbrio corporal?

O equilíbrio normal é mantido pela visão, propriocepção e pelo sistema vestibular.
O sistema vestibular informa sobre as acelerações angulares da cabeça nos planos do espaço e movimentos corporais lineares. A visão permite a assimilação rápida do movimento corporal e sensação de profundidade. O sistema proprioceptivo informa sobre o posicionamento das partes do corpo, através de estruturas localizadas nos músculos, tendões, cápsulas articulares e tecido cutâneo. As informações são enviadas ao sistema nervoso central, onde são analisadas, comparadas e integradas. Quando essas informações são incoerentes ocorre conflito sensorial, dando origem à sensação vertiginosa e ao desequilíbrio.

Tonteira, vertigem, "labirintite"

"Labirintite" é o nome que as pessoas usam para definir a vertigem, que é uma tonteira rotatória. Ela ocorre quando o equilíbrio está alterado por diversos fatores.

O equilíbrio normal é mantido pela visão, propriocepção e pelo sistema vestibular.
A tontura é a ilusão de movimento do indivíduo ou do ambiente em volta. Pode ser causada por uma disfunção em qualquer dos sistemas envolvidos com o equilíbrio. A alteração do sistema vestibular é a causa mais comum.
As causas são inúmeras, como: alterações da circulação, metabolismo (diabetes, colesterol alto), hormonais e imunológicas, da coluna cervical, traumatismo craniano, distúrbios psicológicos, vertigem postural paroxística benigna (VPPB), neurite vestibular, doença de Ménière e fístula perilinfática.
Na infância são comuns as labirintopatias infecciosas, como otites e viroses, a vertigem paroxística benigna, trauma e remédios ototóxicos (danosos ao ouvido).

Após os 20 anos as causas mais comuns são a neuronite, alterações hormonais, metabólicas e Ménière. As disfunções hormonais e metabólicas são mais comuns nas mulheres.
Após os 50 anos são mais comuns as causas circulatórias e problemas da coluna cervical.
Com o envelhecimento ocorre degeneração dos 3 sistemas envolvidos com o equilíbrio (visão, sistema proprioceptivo e vestibular).
O desequilíbrio é um dos principais fatores limitantes da vida do idoso, e em 80% dos casos não tem causa específica. O medo de cair por si só pode causar a queda no idoso. Isso diminui sua auto-estima, limita suas atividades e pode levar à depressão.
A reabilitação vestibular é um dos métodos mais efetivos na recuperação do equilíbrio corporal.

Existem basicamente 3 tipos de tratamento das disfunções do equilíbrio: medicamentosa, pela reabilitação vestibular e por cirurgia, que deve ser muito discutida e analisada.

A reabilitação vestibular é uma tratamento que gera uma compensação vestibular através de exercícios físicos específicos e repetitivos, que ativam os mecanismos de plasticidade neural do sitema nervoso.

Quando há uma lesão vestibular, o sistema nervoso tenta recuperar sozinho o equilíbrio, através na neuroplasticidade. Esse mecanismo natural é chamado de compensação vestibular, que é acelerado pela reabilitação vestibular. Ocorre, assim, redução dos sintomas de vertigem.

Um estudo feito em São Paulo e publicado na Revista Brasileira de Otorrinolaringologia em março/abril de 2008 avaliou esse tratamento, e concluiu que a reabilitação vestibular, quando bem indicada e seguida pelo paciente, é um método terapêutico eficaz no tratamento de vestibulopatias em poucas sessões.



FONTE: Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, vol. 74 (2) Mar./Abr. 2008.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Tosse crônica

A tosse é definida como crônica quando persiste por 8 semanas ou mais. Parece ser mais prevalente em mulheres. Segundo o estudo publicado na Clinical Otolaringology, devem ser avaliadas 3 causas principais da tosse crônica: asma variante com tosse, rinossinusite com drip pós-nasal e refluxo gastroesofageano. Porém, em até 25% dos pacientes não foram encontradas causas.
As características da tosse e os sintomas associados:
  • um início súbito resultando numa tosse crônica pode indicar inalação de corpo estranho
  • tosse noturna pode indicar asma, problemas cardíacos ou refluxo gastroesofageano
  • uma infecção respiratória recente pode aumentar a sensibilidade do reflexo da tosse, resultando em hiperresponsividade da via aérea, podendo~ser resistente ao tratamento
  • presença de catarro ou sangue sugere problema pulmonar
  • na asma há os sibilos (sons característicos da crise), e pode ser associado a exercícios, ar frio e sprays
  • pigarro constante por indicar um gotejamento pós-nasal da sinusite
  • Refluxo: pode ter queimação no peito, e piora quando o paciente deita na cama, com a alimentação e quando fala
  • medicações para hipertesão arterial podem aumentar a sensibilidade do reflexo da tosse e levar à tosse crônica
  • cigarro pode levar à tosse persistente

FONTE: Chronic cough. Clinical Otolaringology, abril, 2008.

domingo, 4 de maio de 2008

Queixas dos idosos na Otorrinolaringologia

A expectativa de vida da população teve um aumento importante nas últimas décadas. É estimado que a população brasileira deve duplicar até 2050, alcançando 15% da população brasileira. O idoso apresenta 3,5 vezes mais queixas de saúde quando comparados àqueles com menos de 65 anos. E 4 entre 5 pacientes com mais de 65 anos referem pelo menos um problema crônico.
No estudo feito na Santa Casa de Misericórdia de Cutitiba, as queixas mais freqüentes eram: perda de audição e zumbido, seguidos por queixas nasais e vertigem. A presbiacusia, ou perda de audição causada pelo envelhecimento, é uma das alterações mais comuns relacionadas à idade.
A disfagia, ou a dificuldade de engolir, também é outro problema encontrado nos idosos. Há várias causas, mas é importante descartar tumor.
A obstrução nasal, coriza, sangramento nasal e os distúrbios de olfato também são comuns. Distúrbios da voz são observados em 12% dos idosos.

FONTE: Prevalência dos principais sintomas ORL numa população geriátrica ambulatorial, Arquivos internacionais de otorrinolaringologia, Ano: 2008 Vol. 12 Num. 1 - Jan/Mar